domingo, 4 de abril de 2010

Crítica por E.U Atmard

Mistério em Connellsville por Beatriz Neves Barroca
Papiro Editora – Porto 2009
13 Capítulos e 32 Movimentos

Crítica Geral:
O livro Mistério em Connellsville foi escrito, segundo as palavras da autora sem intenção de publicação. No entanto, denota-se claramente que isso não afectou de forma alguma a qualidade do livro. O livro está escrito de uma forma sucinta e de muito agradável leitura, podendo apenas parecer que certas ideias não foram de todo desenvolvidas, como acontece de resto numa enorme quantidade de romances actualmente. Consegui porém entender por vezes quebras na acção que foram desnecessárias, enquanto que noutros casos foram demasiado abruptas. Nota-se o fio condutor na história, seguindo Mag nas suas aventuras e desventuras pela cidade de Connellsville, sendo o primeiro ponto esse mesmo:
· Narrador na primeira pessoa; Conhecimento limitado; Narração no passado;
Esta combinação, apesar de não ser a minha preferida, é bastante comum nos romances e novelas. Traduz-se, como implica, numa narração feita pela personagem principal, sem conhecimento do pensamento das outras personagens, de algo que já passou. Ainda que seja mais que adequada para a maior parte das situações, creio que poderia ser empregue o presente em certas situações, para dar um melhor clímax.
É pendente falar do trabalho notável com os diálogos entre as personagens, sendo muitíssimo bom quando a retratar as personagens de idade adolescente, e um bom diálogo com as personagens adultas, se bem que estas últimas parecem cair um pouco em diálogos cliché (como falarei mais à frente).

Género:
O género do livro é um tanto indistinto. Alguns talvez o classifiquem como thriller, mas eu acho, sem que o seguinte termo seja pejorativo, que tem pouca força para ser thriller. O mesmo se aplica ao suspense, que podia ser identificado. O que acho ser melhor para classificar é um thriller romântico dentro de ficção YA, visto tratar de adolescentes.

Personagens:
Nesta secção espero poder apontar melhor as forças e fraquezas de cada personagem que intervêm de forma minimamente importante para a história.
A personagem Sophie tem a absoluta vantagem de dar a impressão de uma criança querida e amada pelos pais.
A personagem Jared identifica-se com a personagem-tipo do irmão viciado em jogos e em electrónica.
A personagem Kate é identificada com a personagem de mãe fútil e preocupada com a aparência acima de tudo. Isto revela-se como uma vantagem para o desenvolvimento da história quando ela proporciona uma sessão de maquilhagem à filha, visto aparentar ser muito versada nesse mesmo assunto.
A personagem Harry é o que um caro colega meu chamaria de “Texas Good ol’ Boy”, sendo que este se encontra numa situação mais urbana. Creio que esta personagem foi especialmente bem explorada.
A personagem de George faz parelha com a de Harry, complementando-se da mesma forma que a de Joanne complementa a de Kate, sendo que acho o primeiro par mais forte que o segundo.
A personagem de Call foi um pouco fraca em comparação com as seguintes. Enquanto maníaco, ele parece ter uma razão um pouco duvidosa para se ter tornado assim. Como conselho, apenas posso sugerir que por vezes é preferível não explicar nada a evitar uma desculpa manhosa. Por outro lado, ele age com pouca loucura e psicopatia, o que seria um benefício para Magnólia, que veria a sua coragem exposta e enaltecida de uma forma ainda maior.
Nigel é uma personagem bastante enigmática, o que é uma mais valia não só para a história, como para o enredo. A sua personagem aparentemente segura, revela desde logo uma pequena fragilidade, que capta a atenção do leitor, e o faz interessar-se com ele.
Magnólia, está muito bem caracterizada, como uma misantropa de 16 anos. O seu aparente ódio para com as pessoas em geral é depois convertido, à medida que se vê envolvida na malha que é a história narrada. Nota-se que a sua evolução é de facto uma metáfora para o crescimento que se dá nesta idade tão turbulenta. Por outro lado, acho que a sua aparente luta com a sociedade e busca pela misantropia tinha dado uma boa sequência de sonho em que ela se apercebia disso mesmo.


Interpretação Pessoal:
*A seguinte interpretação dá-se apenas como opinião do autor, e pode não reflectir nem a opinião da autora como a dos leitores.*
Encontro a moral deste livro bastante reconfortante, dado que se apercebe que Magnólia se apercebe por fim do que se pode chamar dos “seus erros”, evidenciado mais pela última frase “Connellsville tinha-me ensinado muitas coisas”. Este é um momento de metanóia, apesar de ser um que se desenvolve ao longo da história. Por outro lado, a metáfora que representa sobre o crescimento é bastante curiosa, especialmente se considerada no contexto da autora.

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